A retomada dos IPOs de tecnologia: por que o sucesso do Figma pode destravar uma nova onda de oportunidades
O estrondoso IPO do Figma tem potencial para marcar o fim de uma longa seca em ofertas públicas expressivas no setor de tecnologia. Vamos aos fatos: investidores mostram maior disposição para apostar em histórias de crescimento de software que demonstrem receita recorrente e governança sólida. Isso significa que o mercado pode estar pronto para receber novas ondas de unicórnios — empresas privadas apoiadas por venture capital — que se prepararam para abrir capital.
Por que o caso do Figma importa para quem investe no Brasil? Primeiro, trata-se de um sinal de apetite. Quando uma oferta de grande visibilidade se sai bem, ela funciona como um catalisador: melhora o sentimento do mercado e reduz o desconto de risco percebido sobre companhias similares. A lógica é simples e poderosa. Um IPO de sucesso tende a irradiar benefícios para empresas públicas consolidadas, como Atlassian (TEAM), Adobe (ADBE) e Snowflake (SNOW), e também para fornecedores de infraestrutura de nuvem e dados.
Há um pipeline robusto de empresas privadas que podem acelerar planos de abertura de capital se o mercado permanecer receptivo. A experiência recente mostrou que startups que sobreviveram à crise de liquidez adotaram disciplina: foco em rentabilidade, métricas unitárias mais saudáveis e modelos SaaS com receita recorrente. Isso torna muitas delas candidatos atraentes para investidores públicos, que priorizam previsibilidade de caixa e baixo churn.
A questão que surge é: como um investidor brasileiro pode se posicionar? Comprar um IPO no primeiro dia pode ser arriscado e volátil. O desempenho inicial muitas vezes exagera a avaliação real. Uma alternativa mais prudente é buscar exposição ao ecossistema mais amplo de software e infraestrutura. ETFs globais de tecnologia e ADRs de empresas como Atlassian, Adobe e Snowflake são vias mais diversificadas e acessíveis. Para quem opera em reais, é fundamental considerar o risco cambial e entender que ADRs e ETFs negociados no exterior implicam conversão e custos adicionais.
O sucesso de um grande IPO também beneficia provedores de infraestrutura. À medida que mais empresas de software escalam publicamente, a demanda por serviços de nuvem, armazenamento e integração tende a subir. Isso gera uma cadeia de oportunidades para players que oferecem soluções de dados e performance.
Mas nem tudo é festa. A retomada não é garantida. O mercado pode rapidamente se tornar mais seletivo, exigindo governança robusta, trajetória de lucro e métricas unitárias claras. Avaliações infladas representam outro risco palpável: um aquecimento excessivo pode levar a correções severas caso o sentimento mude. Além disso, fatores macroeconômicos — inflação, juros, fluxo global de capitais — continuam a ditar o pulso das ofertas públicas.
O investidor precisa, portanto, adotar postura cautelosamente otimista. Pergunte-se: você está buscando exposição pontual ao brilho de um IPO ou quer participar do crescimento do setor de forma diversificada e disciplinada? Para a maioria, a segunda opção costuma fazer mais sentido.
Para se educar antes de agir, procure materiais sobre como investir em IPOs de tecnologia no Brasil, sobre ETFs de tecnologia e sobre riscos cambiais e regulatórios. Lembre-se: este texto não constitui recomendação personalizada. Toda decisão envolve risco e retornos não são garantidos.
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