Quando a economia vacila, estas ações permanecem firmes
O relatório de empregos dos EUA que mostrou 73.000 vagas adicionadas, contra 115.000 esperadas, acende um alerta para investidores. Vamos aos fatos: desaceleração do mercado de trabalho tende a reduzir consumo, aumentar aversão a risco e elevar a volatilidade. Isso significa que, no curto prazo, proteger capital e buscar renda regular pode ser mais adequado do que perseguir ganhos exagerados.
Por que olhar para ações defensivas? Setores como bens de consumo básico, saúde e serviços públicos oferecem demanda mais estável mesmo em cenários adversos. Consumidores cozinham mais em casa e migram para marcas familiares quando apertam o cinto. Isso beneficia fabricantes consolidados — imagine os efeitos sobre empresas com perfis semelhantes a General Mills nos EUA e, no Brasil, players como M. Dias Branco ou empresas de carnes com marcas fortes.
Empresas de saúde também se destacam. Tratamentos e medicamentos necessários tendem a ser menos elásticos: pacientes não costumam adiar procedimentos emergenciais por conta da incerteza. Isso confere previsibilidade de receita a fabricantes farmacêuticos e redes hospitalares, embora o setor carregue riscos regulatórios que merecem atenção.
Há quem subestime os REITs atrelados a inquilinos governamentais ou ligados à defesa. Imóveis locados para agências públicas ou contratantes de defesa frequentemente demonstram recebíveis de aluguel mais previsíveis durante desacelerações, reduzindo a probabilidade de vacância abrupta. COPT Defense Properties, por exemplo, é um caso norte-americano que ilustra essa resiliência setorial.
Quais são as vantagens práticas? Primeiro, muitas empresas defensivas pagam dividendos consistentes, oferecendo fluxo de caixa ao investidor mesmo em períodos de volatilidade. Segundo, uma abordagem por cesta — alocar recursos em várias empresas defensivas em diferentes segmentos — reduz risco idiossincrático quando comparada à seleção pontual de ações.
Mas defensivo não quer dizer à prova de tudo. Quedas de mercado generalizadas podem reduzir o preço das ações defensivas. Pressão nas margens, cortes de dividendos e exposição cambial que penaliza multinacionais são riscos reais. Além disso, quando as taxas de juros sobem, ações pagadoras de dividendos e REITs perdem atratividade frente a renda fixa. A questão que se impõe é: a estabilidade que você busca justifica abrir mão de potenciais ganhos de curto prazo?
Como adaptar isso ao investidor brasileiro? Pense em termos de objetivos e alocação. Uma carteira conservadora pode reservar parcela relevante para setores não cíclicos representados em ativos locais ou em ADRs/ETFs no exterior, sempre considerando impacto do câmbio no retorno final em reais. Lembre-se também da tributação: historicamente, dividendos distribuídos por empresas brasileiras eram isentos de Imposto de Renda na pessoa física, embora propostas de mudança estejam em discussão. Consulte o seu assessor e verifique a legislação vigente.
Exemplo de critérios para seleção: empresas com histórico de pagamento de dividendos, fluxo de caixa operacional estável, baixa alavancagem e exposição limitada a mercados voláteis. Para REITs e ativos de infraestrutura, priorize contratos indexados a receitas públicas ou setores essenciais.
Conclusão: diante do relatório de empregos dos EUA e do cenário de maior incerteza, considerar uma cesta de ações defensivas faz sentido para investidores com foco em preservação de capital e renda. Essa estratégia busca estabilidade e rendimento, não ganhos elevados de curto prazo. Não se trata de imunizar sua carteira, mas de reduzir o risco quando a economia vacila.
Leia mais: Quando a economia vacila, estas ações permanecem firmes
Nota de aviso: este texto tem caráter informativo e não constitui recomendação personalizada. Considere riscos e procure orientação profissional antes de decisões de investimento.