Por que a tokenização está mudando o acesso a ativos globais
A tokenização por blockchain promete transformar a forma como investidores acessam ativos globais. Em termos práticos, ela converte ativos inteiros em unidades fracionárias registradas em uma ledger distribuída. Isso significa que, ao invés de comprar uma ação inteira ou um imóvel inteiro, um investidor pode adquirir "pedaços" desses ativos. Vamos aos fatos: a propriedade fracionada amplia o mercado, reduz barreiras de entrada e pode tornar ativos caros acessíveis a pequenos investidores.
O que muda para o investidor brasileiro? A principal alteração é o acesso. Hoje, muitos aplicadores enfrentam obstáculos — custos de conversão cambial, IOF em operações e burocracia de custódia internacional. A tokenização pode reduzir esses atritos, acelerar a liquidação e diminuir custos operacionais. Assim, um investidor no Brasil com R$500 pode ter exposição fracionada a ações populares dos EUA, ETFs ou até a frações de imóveis tokenizados.
Quem se beneficia nessa cadeia? Empresas que constroem infraestrutura. Plataformas de varejo que facilitam a descoberta e a negociação, provedores de custódia que garantem segurança institucional e desenvolvedores de carteiras digitais que tornam a posse prática. Exemplos conhecidos incluem Robinhood como modelo de distribuição ao varejo, Coinbase como provedor de custódia institucional e WisdomTree como gestora a desenvolver produtos nativos em blockchain. Essas companhias representam a espinha dorsal operacional que a tokenização exige.
Por que isso pode liberar grandes volumes de capital global? A tokenização reduz fricções transfronteiriças, ao simplificar conversões e acelerar liquidações. Com menor custo e maior velocidade, capitais de mercados da Europa, Ásia e América Latina podem fluir com mais facilidade para ativos que antes exigiam grandes somas e estruturas complexas. A longo prazo, além de ações e ETFs, imóveis, commodities e obras de arte podem compor o novo universo investível.
Mas nem tudo é caminho livre. Existem riscos substantivos. O ambiente regulatório é incerto; decisões da CVM, do Banco Central ou de reguladores estrangeiros podem alterar modelos de negócios rapidamente. Vulnerabilidades tecnológicas, como falhas em smart contracts, e a complexidade de integrar sistemas tradicionais a ledgers públicos representam riscos operacionais relevantes. Adoção pode ser mais lenta do que o esperado se instituições tradicionais resistirem ou se houver problemas de liquidez. Além disso, a competição tende a apertar margens e testes de valuation poderão mostrar avaliações desconectadas dos fundamentos.
O que observar? Decisões regulatórias e padrões de compliance. Adoção por players institucionais e soluções robustas de custódia. Casos práticos de tokenização de imóveis no Brasil e de ETFs tokenizados no exterior. E, claro, a evolução das medidas fiscais: ganhos com ativos tokenizados provavelmente estarão sujeitos ao imposto de renda conforme regras da Receita Federal, e operações com câmbio continuam impactadas por IOF quando aplicável. Consulte guias da CVM e da Receita para orientações práticas.
A conclusão é dupla. A tokenização apresenta um potencial transformador, capaz de democratizar o acesso a ativos globais e de criar novos mercados. Ao mesmo tempo, o caminho será volátil, condicionado a reguladores, maturidade técnica e aceitação do mercado. Não é promessa de retorno certo, é uma mudança estrutural em curso — com oportunidades e riscos.
Para saber mais, leia A revolução da tokenização: por que o acesso global a ativos está prestes a mudar tudo e procure materiais educativos da CVM e da Receita Federal. Este texto não constitui recomendação personalizada. Avalie seu perfil, considere os riscos e, se necessário, consulte um assessor financeiro antes de tomar decisões.