O problema e a oportunidade
A resistência antimicrobiana deixou de ser uma curiosidade científica para se tornar uma crise de saúde pública. Hoje são cerca de 700 mil mortes anuais atribuídas a infecções resistentes; estudos pessimistas projetam até 10 milhões por ano até 2050 se nada mudar. Vamos aos fatos: hospitais, cirurgias e tratamentos oncológicos dependem de antibióticos eficazes. Sem eles, procedimentos rotineiros tornam-se arriscados.
Recentes movimentos regulatórios reacenderam o interesse do mercado. A revisão prioritária (priority review) da FDA para o novo antibiótico da GSK contra gonorreia é um exemplo prático. Isso significa que a agência está sinalizando urgência clínica e reduzindo o prazo médio de decisão de aproximadamente 10–12 meses para cerca de 6–8 meses. Para investidores, menos tempo até aprovação reduz parte do capital empatado e acelera a possibilidade de retorno.
Além disso, a saída de grandes farmacêuticas do desenvolvimento de antibióticos criou espaço para pequenas biotechs. Nomes como Acurx (ACXP), SPERO (SPRO) e Iterum (ITRM) ilustram abordagens distintas: novos mecanismos de ação, adjuvantes que restauram eficácia de drogas existentes e formulações práticas — orais e intravenosas — para uso hospitalar e ambulatorial. Essa diversidade técnica aumenta a chance de sucesso em alguma frente, mesmo que nem todas as iniciativas prosperem.