O domínio da China sobre as terras raras: por que as mineradoras não chinesas podem lucrar muito

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Aimee Silverwood | Financial Analyst

Publicado em 10 de outubro de 2025

Resumo

  1. Restrições de exportação chinesas reforçam risco em terras raras e materiais críticos, urgindo segurança do abastecimento.
  2. Mineradoras não chinesas como MP Materials, Energy Fuels e Lithium Americas oferecem alternativas para investimento em metais estratégicos.
  3. Diversificação da cadeia de suprimentos impulsiona processamento de terras raras nos EUA e Canadá e magnéticos para turbinas eólicas.
  4. Investidores brasileiros devem avaliar custos, câmbio e como investir em terras raras fora da China.

O domínio chinês e o choque das restrições

A recente rodada de restrições chinesas às exportações de terras raras colocou um holofote sobre um fato conhecido do mercado: a China controla cerca de 80% da produção e do processamento global dessas matérias‑primas. Isso significa dependência sistêmica para indústrias críticas — defesa, eletrificação do transporte e energia renovável. Vamos aos fatos: novas regras exigem aprovação governamental para exportar produtos que contenham terras raras chinesas, reduzindo dramaticamente a liquidez internacional e forçando compradores a procurar alternativas fora da China.

Leia também: O domínio da China sobre as terras raras: por que as mineradoras não chinesas podem lucrar muito.

Quem ganha com a realocação da cadeia de suprimento?

A diversificação da cadeia de abastecimento cria uma demanda extraordinária por produtores e processadores não chineses. Três nomes chamam atenção: MP Materials (MP), Energy Fuels (UUUU) e Lithium Americas (LAC). Cada um, a seu modo, oferece uma resposta ao problema da segurança do abastecimento.

MP Materials opera a mina Mountain Pass, na Califórnia, e aposta na verticalização — do minério até a produção de ímãs — para oferecer uma solução verdadeiramente "China free" a fabricantes e contratantes governamentais. Energy Fuels usa a planta White Mesa, em Utah, uma das poucas instalações fora da China capazes de processar concentrados em produtos finais, aproveitando sinergias com seu negócio de urânio. Lithium Americas, embora focada em lítio com o projeto Thacker Pass, integra a narrativa de segurança de cadeia de suprimentos: o lítio é essencial para baterias e também sofre forte concentração de processamento na China.

Essas empresas podem se beneficiar de contratos de offtake, subsídios e garantias públicas. Governos e grandes corporações mostram disposição para pagar prêmios pela segurança de abastecimento. Exemplos concretos incluem financiamento de defesa e medidas como o Ato de Materiais Críticos da União Europeia, além de iniciativas americanas para estimular produção doméstica.

Riscos que não desaparecem

Investidores não devem confundir oportunidade com ausência de risco. Minas e plantas de processamento exigem CAPEX elevado e prazos longos de desenvolvimento. Licenciamento ambiental e oposição comunitária podem atrasar projetos por anos. Preços das commodities são voláteis; um recuo abrupto no preço reduz margens e derruba avaliações. Há, ainda, risco geopolítico: a China pode retaliar com medidas comerciais ou regulatórias adicionais.

A questão que surge é: vale a pena pagar prêmio por segurança? Para alguns setores críticos, sim. Para carteiras de varejo, a exposição exige seleção rigorosa e horizonte de longo prazo.

Implicações para investidores brasileiros

Investidores no Brasil podem acessar essas ações via plataformas internacionais e ETFs que reúnem mineradoras e empresas de materiais críticos. Atenção a custos de transação, impostos e regras de tributação sobre ganhos no exterior. Além disso, a taxa de câmbio influencia: uma desvalorização do real aumenta o custo de importação de componentes magnéticos e baterias, tornando a produção doméstica mais competitiva — e elevando o apetite por fornecedores não chineses.

Preocupações ambientais e sociais são centrais para a aceitação de novos projetos no Brasil e no exterior. Projetos como Thacker Pass enfrentaram litígios e críticas por impacto ambiental; isso reduz a previsibilidade e pode atrasar retornos.

Conclusão: oportunidade condicionada

A reordenação das cadeias de suprimento abriu uma janela valiosa para mineradoras e processadoras não chinesas. MP, Energy Fuels e Lithium Americas representam caminhos distintos para mitigar dependência chinesa. No entanto, trata‑se de uma oportunidade condicionada a riscos significativos: CAPEX alto, prazos longos, questões ambientais e volatilidade de preços. Investidores brasileiros devem avaliar exposição por meio de veículos negociados internacionalmente, considerar efeitos cambiais e tributos, e manter disciplina sobre alocação e horizonte.

Este texto não constitui recomendação personalizada. Riscos existem e devem ser ponderados antes de qualquer decisão de investimento.

Análise Detalhada

Mercado e Oportunidades

  • Realocação de contratos e offtakes para fornecedores fora da China cria demanda imediata por produção e processamento não chinês.
  • Subsídios e investimento governamental (ex.: financiamento de defesa e programas críticos da UE) reduzem o risco econômico para projetos emergentes.
  • Valor agregado na verticalização (extração → processamento → produção de ímãs) aumenta margens e torna contratos de longo prazo mais atraentes.
  • Setores finais — defesa, veículos elétricos e energia eólica — apresentam crescimento estrutural que sustenta demanda de longo prazo por matérias-primas críticas.
  • Ser o primeiro a estabelecer capacidade de processamento comercial fora da China oferece vantagem competitiva e potencial para precificação premium.

Empresas-Chave

  • MP Materials Corp. (MP): Opera a mina Mountain Pass (Califórnia); está investindo na verticalização da cadeia (extração, processamento e produção de ímãs) para reduzir dependência de fornecedores chineses e oferecer soluções “China‑free” a OEMs e contratantes governamentais; potencial para margens mais altas e receitas recorrentes via contratos estratégicos.
  • Energy Fuels Inc. (UUUU): Produtora de urânio que diversificou para processamento de terras raras por meio da White Mesa Mill (Utah); uma das poucas instalações fora da China capazes de processar concentrados em produtos finais; beneficia‑se de infraestrutura existente, aprovações regulatórias e sinergias com o mercado de urânio, melhorando o perfil de execução.
  • Lithium Americas Corp. (LAC): Desenvolve o projeto Thacker Pass (Nevada), um dos maiores depósitos de lítio não desenvolvidos; embora o lítio não seja elemento de terras raras, sua relevância para baterias e a dependência do processamento chinês tornam a empresa relevante na narrativa de descarbonização e segurança de cadeia de suprimentos; projeto de grande escala com necessidade de CAPEX elevado e potencial de retorno se aprovado.

Riscos Principais

  • Elevado CAPEX e longos prazos de desenvolvimento para mineração e plantas de processamento, que pressionam o retorno sobre o investimento.
  • Riscos regulatórios e ambientais (licenciamento, oposição comunitária) que podem atrasar ou inviabilizar projetos.
  • Volatilidade nos preços das commodities, afetando fluxos de caixa e avaliações das empresas.
  • Dependência de políticas públicas e subsídios; mudanças políticas podem reduzir o suporte financeiro e a viabilidade de projetos.
  • Risco de retaliação geopolítica por parte da China, incluindo interrupções comerciais ou medidas não tarifárias.
  • Risco tecnológico: inovações que reduzam a necessidade de determinados elementos podem diminuir a demanda estrutural.

Catalisadores de Crescimento

  • Financiamento e subsídios governamentais para produção doméstica de materiais críticos (ex.: investimentos do Pentágono, Ato de Materiais Críticos da UE) que reduzem o risco de projeto.
  • Compromissos de offtake e contratos de longo prazo com fabricantes de veículos elétricos e empresas de tecnologia, assegurando demanda futura.
  • Aceleração das políticas de descarbonização, elevando a demanda por turbinas eólicas e veículos elétricos.
  • Desenvolvimento bem‑sucedido de capacidade de processamento comercial em instalações fora da China, fortalecendo a cadeia de suprimentos alternativa.
  • Parcerias estratégicas entre mineradoras, processadores e montadoras para garantir fornecimento seguro e compartilhar riscos de investimento.

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Perguntas frequentes

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