Semicondutores além das sanções: a oportunidade de investimento geopolítico
Os recentes controles de exportação dos Estados Unidos sobre chips de IA destinados à China estão redesenhando a paisagem dos semicondutores. Isso significa menos acesso direto de fabricantes americanos, como Nvidia (líder em GPUs) e AMD, ao maior mercado mundial de tecnologia. A questão que surge é: quem ganha com essa nova divisão geopolítica?
Vamos aos fatos. Com restrições à venda de chips e equipamentos sensíveis, a dinâmica competitiva muda. Empresas que antes dependiam do mercado chinês veem sua trajetória alterada. Ao mesmo tempo, players considerados "neutros" no conflito — por estarem fora da linha direta de atrito geopolítico ou por deter tecnologia indispensável — tendem a ganhar poder de mercado.
Por que foundries e fabricantes de equipamentos podem sair na frente?
Foundry é o termo em inglês para fundição, ou seja, empresas que fabricam chips por contrato. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC, ticker TSM) é o exemplo mais claro: sua capacidade de produção avançada a torna um pilar da cadeia. Já a ASML (ticker ASML) fabrica máquinas de litografia ultravioleta extrema (EUV), tecnologia crítica para nós de processo mais avançados. Sem essas máquinas, produzir chips de ponta fica praticamente impossível.
Isso quer dizer que TSMC e ASML podem ser beneficiárias estruturais das mudanças. Outra frente é o reshoring — a regionalização da produção — estimulada por subsídios e políticas industriais. Intel (INTC) exemplifica uma empresa que combina grande base produtiva nos EUA com incentivos governamentais, e pode colher ganhos se a produção for levada para mais perto dos mercados finais.
O que isso abre para investidores brasileiros?
A oportunidade não está necessariamente em apostar em um único nome. Pelo contrário: a fragmentação da cadeia de suprimentos e a demanda por novas fábricas criam espaço para foundries menores, fabricantes de equipamentos e empresas com tecnologias diferenciadas. Em prática, isso favorece uma estratégia temática e diversificada. Investidores podem buscar exposição via ETFs setoriais (por exemplo, ETFs de semicondutores negociados nos EUA) ou por ações individuais com ticket reduzido, usando compra fracionada disponível em corretoras e plataformas (ex.: Avenue, XP, BTG Pactual digital).
Aspectos práticos e riscos para o investidor brasileiro
Atenção a câmbio e tributação. As receitas dessas empresas estão em dólares; oscilações do R$/USD afetam retorno em reais. Na hora de operar no exterior, considere custos de remessa, IOF cambial e regras de declaração à Receita Federal — ganhos devem ser informados e impostos recolhidos via DARF, conforme regras vigentes. Consulte seu assessor ou contador.
No campo de riscos, a lista é longa: escalada geopolítica imprevisível, a ciclicidade histórica do setor, oscilações macroeconômicas que reduzem demanda por chips e mudanças regulatórias súbitas. Por isso é prudente operar com cesta de ativos, gestão ativa e, quando cabível, limitar posição por meio de participação fracionada.
Conclusão: como montar uma postura prática?
Prefira exposição temática diversificada em vez de concentração. Busque empresas com posição tecnológica única ou localização estratégica — por exemplo, fundries, fabricantes de equipamentos de litografia e players beneficiados por subsídios locais. Use instrumentos que permitam fracionamento para controlar risco e capital investido. E lembre: nenhuma estratégia elimina risco. Cenários futuros dependem de decisões políticas e da evolução da demanda por IA.
Para acompanhar este tema com profundidade, leia também: Semicondutores além das sanções: a oportunidade de investimento geopolítico.
Aviso: este texto é informativo e não constitui recomendação personalizada. Riscos existem e retornos não são garantidos. Consulte um profissional antes de tomar decisões de investimento.