O cartel das lâminas de barbear: Por que o dinheiro inteligente investe nos consumíveis

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Aimee Silverwood | Financial Analyst

5 min de leitura

Publicado em 25 de julho de 2025

Com apoio de IA

Resumo

  1. Modelo navalha e lâmina gera receita recorrente e receita de consumíveis, atraente para investidores conservadores.
  2. Exemplos de modelo navalha e lâmina: HP, Keurig e Sony; lock-in com cartuchos de impressora e cápsulas de café.
  3. Receita por assinatura e dados aumentam ticket médio e previsibilidade financeira, fortalecendo estratégias defensivas.
  4. Riscos incluem concorrência de genéricos, disrupção tecnológica e regulação; avalie como investir em empresas com receita recorrente de consumíveis.

O modelo navalha e lâmina: por que ele atrai investidores conservadores

Há negócios que vendem o produto e, depois, o hábito. Esse é o cerne do modelo "navalha e lâmina": oferecer um item inicial de baixo custo para criar dependência e, em seguida, monetizar consumíveis ou serviços essenciais com margens elevadas. Vamos aos fatos: empresas que executam bem essa estratégia entregam fluxo de caixa recorrente e poder de precificação. Isso as torna candidatas atraentes em carteiras defensivas, embora não sejam isentas de riscos.

Por que funciona? Porque o custo inicial reduz a barreira de entrada. O consumidor compra a impressora, a cafeteira ou o console. Depois volta—diariamente, semanalmente ou sempre que joga—para comprar o que mantém o produto funcionando: cartuchos de tinta, cápsulas de café, jogos e assinaturas digitais. O gasto repetido transforma um cliente ocasional em uma fonte previsível de receita. Você reconhece o padrão: o primeiro produto é a isca; os consumíveis são a pesca.

Empresas como HP, Keurig e Sony ilustram bem a estratégia. A HP vende impressoras a preços competitivos e extrai margens altas da venda continuada de cartuchos de tinta proprietários. Keurig transformou o hábito do café em uma receita recorrente com cápsulas K-Cup. A Sony costuma aceitar margens reduzidas na venda dos consoles PlayStation para monetizar posteriormente por meio de jogos, microtransações e assinaturas de serviços online. Esses exemplos mostram o que analistas chamam de customer lock-in: uma vez integrado ao ecossistema, o cliente tende a permanecer.

Isso significa que as receitas se tornam mais previsíveis. Em mercados turbulentos, modelos baseados em consumíveis e assinaturas tendem a amortecer quedas de vendas pontuais. Fluxos de caixa recorrentes facilitam planejamento de capital, pagamento de dívidas e distribuição de caixa aos acionistas. Investidores conservadores valorizam justamente essa previsibilidade.

A economia de assinaturas amplia o campo de atuação do modelo. Não é preciso limitar-se ao físico. Hoje vemos híbridos: hardware combinado com serviços digitais, atualizações por assinatura e personalização via dados e IA. Imagine uma cafeteira que recomenda cápsulas por perfil de consumo ou uma impressora conectada que prevê quando o cartucho vai acabar. A integração entre hardware, dados e software fortalece o lock-in e eleva o ticket médio por cliente.

Mas nem tudo é estável. Quais são os riscos? O primeiro é a concorrência genérica. Cartuchos e cápsulas compatíveis a preços mais baixos corroem margens. Mesmo um consumidor fiel pode migrar se a alternativa for econômica. O segundo é a disrupção tecnológica: uma nova plataforma ou formato pode tornar obsoletos ecossistemas inteiros. E o terceiro, relevante no Brasil, é o escrutínio regulatório. Autoridades de defesa da concorrência podem investigar práticas percebidas como anticompetitivas, pressionando preços e contratos.

A gestão da empresa faz diferença. Sem inovação contínua, um líder perde vantagem. A capacidade de criar valor adicional—melhor usabilidade, serviços complementares, integração com outros produtos—define quem mantém poder de precificação. Estratégias de diversificação geográfica e portfólios de consumíveis menos suscetíveis a genéricos também ajudam.

O que isso significa para o investidor brasileiro? O modelo navalha e lâmina tem apelo defensivo: receita mais previsível, risco cíclico reduzido e potencial de margens sustentáveis. Ainda assim, é preciso avaliar empresas case by case: qualidade da execução, velocidade de inovação, exposição a concorrentes genéricos e possível vetor regulatório no país. No Brasil, atenção extra a práticas comerciais que possam atrair autuações por abuso de posição dominante.

Quer entender melhor esse tema? Leia nosso texto completo: O cartel das lâminas de barbear: Por que o dinheiro inteligente investe nos consumíveis.

Aviso: este conteúdo é informativo, não constitui recomendação personalizada. Investimentos envolvem riscos e desempenho passado não garante resultados futuros.

Análise Detalhada

Mercado e Oportunidades

  • Geração de fluxos de caixa recorrentes a partir de consumíveis e serviços complementares ao produto principal.
  • Poder de precificação decorrente do lock-in do cliente, permitindo preservar margens mesmo em ambientes inflacionários.
  • Transição global para modelos de assinatura, ampliando oportunidades para serviços digitais e soluções híbridas (hardware + software).
  • Modelos baseados em consumíveis tendem a ser defensivos, oferecendo estabilidade de receita em ciclos econômicos adversos.

Empresas-Chave

  • [HP Inc. (HPQ)]: Impressoras e consumíveis proprietários; caso de uso: construir uma base de clientes dependente de cartuchos de tinta de alta margem; financeiros: receita recorrente proveniente da venda contínua de consumíveis, com contribuição significativa de margem vinda dos suprimentos.
  • [Keurig Dr Pepper (KDP)]: Sistemas de café single-serve e cápsulas K-Cup; caso de uso: transformar o hábito diário de consumo em receita repetida e previsível; financeiros: vendas recorrentes de cápsulas que geram fluxo de caixa estável.
  • [Sony Corporation (SONY)]: Consoles PlayStation e ecossistema digital; caso de uso: vender hardware com margens iniciais menores para ampliar a base de usuários e monetizar via jogos, conteúdo digital e assinaturas; financeiros: receita de software/serviços e assinaturas complementa e eleva a rentabilidade após a venda do hardware.

Riscos Principais

  • Concorrência de fabricantes terceirizados que oferecem consumíveis compatíveis a preços mais baixos (genéricos).
  • Disrupção tecnológica que pode tornar plataformas ou ecossistemas inteiros obsoletos.
  • Recuo dos consumidores diante de práticas de precificação agressivas e potencial escrutínio regulatório por práticas anticompetitivas.
  • Falta de inovação contínua, permitindo que concorrentes mais ágeis capturem participação de mercado.

Catalisadores de Crescimento

  • Ampliação do modelo para assinaturas e serviços digitais recorrentes, aumentando o ticket médio por cliente.
  • Integração de hardware com serviços, dados e inteligência artificial para reforçar o lock-in e personalizar ofertas.
  • Valorização por parte de investidores da previsibilidade de fluxo de caixa em períodos de incerteza, elevando a atratividade dessas empresas.
  • Expansão geográfica e diversificação de consumíveis/serviços ligados ao ecossistema principal.

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Perguntas frequentes

Este artigo é material de marketing e não deve ser interpretado como recomendação de investimento. Nenhuma informação aqui apresentada deve ser considerada como orientação, sugestão, oferta ou solicitação para compra ou venda de qualquer produto financeiro, nem como aconselhamento financeiro, de investimento ou de negociação. Quaisquer referências a produtos financeiros específicos ou estratégias de investimento têm caráter meramente ilustrativo/educativo e podem ser alteradas sem aviso prévio. Cabe ao investidor avaliar qualquer investimento em potencial, analisar sua própria situação financeira e buscar orientação profissional independente. Rentabilidade passada não garante resultados futuros. Consulte nosso Aviso de riscos.

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