Onde está o lucro real na revolução da IA
A narrativa habitual sobre a revolução da IA foca em plataformas e modelos. Mérito justo. Mas a maior transferência de capital pode estar nos bastidores. Grandes nomes como Microsoft e Nvidia estão disparando investimentos históricos em infraestrutura. Isso significa demanda massiva por fabricantes de chips, máquinas de litografia, servidores e operadores de data centers. E, para o investidor atento, esses fornecedores podem concentrar o lucro mais estável na cadeia.
Vamos aos fatos. A Microsoft planeja aportar mais de US$80 bilhões em infraestrutura de IA neste ano, criando necessidades diretas por hardware, energia e conectividade. A receita de data center da Nvidia saltou de aproximadamente US$3 bilhões para mais de US$60 bilhões anuais em três anos, evidenciando a escalada da procura por aceleradores de IA. Esses números não são retórica. Eles deslocam capital e aumentam contratos com empresas que fabricam a base física da computação inteligente.
No núcleo dessa cadeia estão os semicondutores especializados. Foundries como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company Limited (TSMC, ticker TSM) dominam nós avançados — 3 nm e 5 nm — com participação superior a 90% nesses processos. Sem capacidade em nós avançados, projetistas de chips ficam limitados. Isso torna a TSMC um ponto de estrangulamento e, simultaneamente, uma oportunidade: quem controla a produção detém alavancas sobre oferta, preço e cronograma.
Mas a produção de chips exige máquinas impossíveis de substituir com facilidade. A ASML (ticker ASML) fornece máquinas de litografia extreme ultraviolet, cada unidade custando mais de US$200 milhões. O elevado custo por máquina e a escassez de fornecedores criam barreiras de entrada robustas e uma posição quase monopolística. Em outras palavras, a concentração tecnológica tem rosto e nome.