Mercados privados: o que esperar após a jogada da Schwab?

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Aimee Silverwood | Financial Analyst

7 min de leitura

Publicado em 6 de novembro de 2025

Com apoio de IA

Resumo

  1. Compra da Forge Global pela Schwab sinaliza abertura dos mercados privados e private equity para investidores de varejo.
  2. Infraestrutura tecnológica para investimentos alternativos e plataformas fintech permitem como investir em private equity com frações de ações.
  3. BDCs crédito privado e ETFs listados oferecem exposição líquida a crédito privado negociável em bolsa.
  4. Riscos de investir em mercados privados para investidores pessoa física no Brasil: liquidez, valuation e custos.

O que muda com a compra da Forge Global pela Charles Schwab?

A aquisição da plataforma Forge Global pela Charles Schwab por £600 milhões, equivalente a cerca de R$3,6 bilhões assumindo um câmbio de R$6/£, não é apenas uma transação entre duas empresas estrangeiras. É um sinal de mudança estrutural: mercados privados — private equity, venture capital e outras alternativas — estão deixando de ser território exclusivo de investidores institucionais e de alto patrimônio e avançando em direção ao investidor de varejo por meio da tecnologia e de novos veículos financeiros.

Vamos aos fatos. A Schwab traz milhões de clientes de varejo. A Forge aporta uma infraestrutura de mercado secundário para ações privadas, capaz de casar oferta e demanda onde antes havia iliquidez. Isso significa que, pela primeira vez em escala, plataformas de corretagem podem oferecer acesso a participações privadas com processos de negociação, custódia e reporting integrados. A questão que surge é: quem ganha com isso?

Vencedores na nova cadeia de valor

Corretoras tradicionais que adotarem a infraestrutura adequada disputam um espaço valioso. Fintechs e provedores de tecnologia financeira (vendors de custody, valuation e compliance) serão essenciais para escalar essas ofertas com segurança. Empresas como provedores de processamento e dados ganham com a necessidade de precificação e relatórios mais frequentes para ativos que historicamente tinham pouca transparência.

BDCs (business development companies) e veículos de crédito listados, como Hercules Capital e outras estruturas semelhantes, aparecem como alternativas práticas para quem busca exposição ao crédito privado com liquidez de mercado público. Esses instrumentos transformam risco e retorno do crédito privado em uma forma mais acessível, negociável em bolsas, mas com perfil de risco próprio.

Plataformas digitais que permitem frações de ações e interfaces móveis — exemplificadas por nomes globais como Futu e UP Fintech — são canais naturais para alcançar investidores jovens. Frações e baixos mínimos derrubam barreiras de entrada e ampliam a base de clientes.

Riscos que não podem ser subestimados

A democratização traz riscos concretos. Primeiro, liquidez: ativos privados costumam ser menos líquidos do que ações listadas; vender com pressa pode implicar descontos relevantes. Segundo, valuation e transparência: preços podem ser menos frequentes e metodologias complexas, reduzindo clareza sobre o valor real da posição. Terceiro, custo total: além de taxas de administração e performance, spreads e comissões podem corroer retornos.

Há também questões regulatórias e de adequação. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige que produtos complexos tenham análise de suitability adequada e oferta clara de riscos. Investidores que acessarem produtos estrangeiros ainda enfrentam diferenças de proteção e regras, sem falar em tributação sobre renda e ganho de capital que deve ser observada em cada caso.

Por fim, risco operacional: plataformas precisam demonstrar robustez tecnológica, segurança cibernética e capacidade de escalabilidade para processar volumes maiores sem falhas.

O que fazer como investidor brasileiro?

A tendência é estrutural e oferece oportunidades para gestores, provedores de tecnologia e corretoras que se adaptarem. Para o investidor pessoa física, caminhos práticos incluem exposição via BDCs e outros veículos listados nos Estados Unidos, ETFs temáticos que replicam estratégias alternativas, BDRs e contas internacionais que permitem compra direta de instrumentos estrangeiros.

Isso significa que vale a pena observar: custos totais, liquidez do instrumento, metodologia de precificação e, sobretudo, adequação ao seu perfil. Consulte seu assessor, verifique as regras de suitability e considere a tributação aplicável.

Mercados privados: o que esperar após a jogada da Schwab?

Nada garante ganhos. As oportunidades existem, mas os riscos são reais. A mudança é grande — e quem oferecer infraestrutura confiável e produtos transparentes provavelmente capturará fatias relevantes desse mercado em expansão.

Análise Detalhada

Mercado e Oportunidades

  • Expansão da base de investidores de varejo com apetite por retornos diferenciados, impulsionada por baixos retornos em renda fixa e volatilidade nos mercados públicos.
  • Demanda por infraestrutura tecnológica que suporte custódia específica, precificação e reporting para ativos alternativos, criando espaço para fornecedores de tecnologia e serviços especializados.
  • Crescimento de veículos listados (BDCs, REITs de crédito, ETFs temáticos) que transformam exposições privadas em produtos negociáveis e mais acessíveis ao público.
  • Adoção de frações de ações e microinvestimentos permite entradas com valores muito baixos (ex.: £1), aumentando a penetração entre investidores iniciantes e públicos mais jovens.

Empresas-Chave

  • Charles Schwab Corporation (SCHW): Corretora global com ampla base de clientes de varejo; aquisição da Forge Global posiciona a Schwab como porta de entrada para mercados privados, potencialmente alterando o mix de receitas e atraindo ativos sob custódia voltados para alternativas.
  • Forge Global Holdings (FRGE): Plataforma de mercado secundário para ações privadas que facilita liquidez e transações; tecnologia de matching e market‑making que viabiliza a negociação de participações antes ilíquidas.
  • Fidelity National Information Services (FIS): Provedor de infraestrutura tecnológica financeira (pagamentos, processamento, dados e compliance); peça-chave para escalabilidade operacional de ofertas de ativos alternativos.
  • Hercules Capital (HTGC): Business development company (BDC) focada em crédito para empresas de tecnologia e venture growth; oferece exposição a mercado privado com liquidez via ações listadas.
  • Crescent Capital BDC (CCAP): BDC que investe em crédito privado e oferece rendimento potencial e exposição a estratégias alternativas para investidores públicos.
  • Futu Holdings (FUTU): Plataforma digital de investimentos com foco na experiência móvel; está incorporando ofertas alternativas para atrair usuários jovens e aumentar engajamento.
  • UP Fintech (TIGR / UP): Aplicativo de trading para varejo que amplia o universo de produtos disponíveis ao usuário final, incluindo acesso a instrumentos alternativos e frações.
  • Victory Capital Holdings (VCTR): Gestora de ativos com capacidade de desenvolver soluções e produtos para alocar e administrar investimentos alternativos em escala.
  • Silvercrest Asset Management Group (SILV): Empresa de gestão de ativos que pode prestar serviços de gestão e estruturação de fundos alternativos, capturando taxas de gestão à medida que ativos migram para essas estratégias.

Riscos Principais

  • Liquidez inferior nos ativos privados em comparação com ações listadas; dificuldades potenciais para vender posições rapidamente sem desconto.
  • Valuation e transparência reduzidas — preços menos frequentes e metodologias de precificação mais complexas.
  • Taxas e custos totais potencialmente mais altos (comissões, spreads, taxas de performance e de administração).
  • Risco regulatório: mudanças nas regras e requisitos de suitability, além de possíveis diferenças na proteção de investidores brasileiros ao adquirir produtos estrangeiros.
  • Risco operacional e tecnológico: plataformas precisam demonstrar escalabilidade, segurança cibernética e conformidade para processar volumes maiores.
  • Sensibilidade ao ciclo macroeconômico: ambiente de taxas mais altas ou menor liquidez global pode prejudicar a rentabilidade histórica dos mercados privados.

Catalisadores de Crescimento

  • Ofertas de frações de ações e mínimos de investimento muito baixos que reduzem barreiras de entrada para investidores de varejo.
  • Integração de produtos alternativos em apps de corretagem e fintechs que atraem milhões de usuários jovens e digitais.
  • Melhorias na infraestrutura de custódia, valuation e reporting que reduzem custos e aumentam a confiança dos investidores.
  • Mudanças regulatórias graduais que permitem maior distribuição de produtos alternativos ao público, com regras claras de suitability.
  • Tendência demográfica: gerações mais jovens buscando diversificação além de ações e renda fixa tradicionais.

Como investir nesta oportunidade

Ver a carteira completa:Private Markets: What's Next After Schwab's Move?

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Perguntas frequentes

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