Por que investir em ativos tangíveis agora
Vivemos um momento em que a inflação voltou ao centro do debate econômico. No Brasil, o IPCA continua a ser o termômetro que corrói poder de compra e força investidores a revisitar estratégias. A pergunta é direta: como proteger dinheiro quando a moeda perde valor? Uma resposta pragmática passa por ativos tangíveis — metais preciosos, produtores de commodities industriais e operadores de infraestrutura essencial.
Ativos físicos têm uma vantagem clara. Não podem ser criados digitalmente. E quando a oferta de moeda aumenta, esses ativos tendem a preservar valor relativo. Isso significa que, em cenários de desvalorização do real, empresas que detêm ativos físicos e contratos indexados à inflação podem oferecer proteção de receita e distribuição de dividendos.
Por que ouro e prata ainda importam? Ouro e prata funcionam como reservas de valor em tempos de incerteza monetária. A oferta limitada e a longa história de uso como proteção conferem-lhes papel central em carteiras defensivas. Para investidores que buscam exposição direta, há opções internacionais como ações de produtoras e ETFs; para investidores locais, BDRs ou plataformas de corretoras internacionais são caminhos viáveis. Lembre-se: conversão BRL/USD e impostos influenciam o resultado final.
E os metais industriais? Aqui está o interesse estrutural. Metais como cobre têm demanda crescente motivada pela eletrificação, veículos elétricos e expansão de redes elétricas. Empresas como Freeport-McMoRan (FCX) representam exposição direta a esse ciclo de demanda. No Brasil, pense em paralelos como a Vale: mineradoras com escala e ativos físicos podem se beneficiar de tendências de longo prazo.
Infraestrutura essencial completa a tríade. Operadores de rodovias, torres de telecomunicação e gasodutos costumam ter receitas vinculadas à inflação por cláusulas contratuais. Isso cria fluxos de caixa mais resilientes quando os preços sobem. Investir em uma cesta diversificada — como a "Inflation Hedge Basket" — ajuda a mitigar riscos específicos de commodity ou região e suavizar volatilidade.
Mas os riscos existem. Preço das commodities pode oscilar fortemente e gerar perdas no curto prazo. Projetos de mineração enfrentam desafios operacionais, geológicos e de segurança; pressões regulatórias e ambientais podem elevar custos. Investimentos internacionais trazem risco cambial, que amplifica ganhos e perdas para quem investe em reais. Por isso, diversificação entre ativos, setores e jurisdições é essencial.
Qual é o racional fiscal e cambial? Para investidores brasileiros, ganhos em ativos estrangeiros implicam tributação sobre ganho de capital e necessidade de conversão entre BRL e USD. Use corretoras que ofereçam transparência e consulte assessor tributário antes de alocar recursos. Considere também estratégias de hedge cambial se sua exposição internacional for relevante.
Como montar uma posição prática? Comece avaliando sua exposição atual em reais. Compare alocações em títulos indexados ao IPCA com ativos tangíveis: os primeiros dão proteção direta ao IPCA, os segundos adicionam hedge de ativo real e potencial de dividendos. Para acesso a produtores globais, analise BDRs e ações listadas; para prata e ouro, há ETFs e produtoras como Newmont (NEM) e Pan American Silver (PAAS) que combinam proteção e geração de receita.
A questão que surge é: qual o tamanho adequado da alocação? Não há regra universal. Perfil, horizonte e tolerância a volatilidade definem limites. E uma advertência final: este texto não é aconselhamento personalizado. Avalie riscos, considere hedge cambial e consulte seu assessor financeiro e tributário.
Leia mais sobre essas ideias em Ativos tangíveis para tempos difíceis: por que os investimentos concretos importam agora. Investir em ativos concretos exige disciplina, mas pode ser uma forma pragmática de proteger poder de compra quando a moeda é posta à prova.