Ações alemãs disparam: por que a locomotiva da Europa está superando os Estados Unidos

Resumo

1. Por que investir em ações alemãs em 2025: DAX sobe ~13%, superando S&P 500.
2. Impacto do corte de juros do BCE nas ações europeias: menores custos de capital beneficiam industriais e tecnologia.
3. Gastos infraestrutura Alemanha e defesa vão impulsionar pedidos, favorecendo melhores ações industriais alemãs 2025.
4. Investir na Alemanha: SAP ações, Deutsche Bank ações e Fresenius ações são candidatas; avalie riscos geopolíticos e câmbio.

Ações alemãs disparam: por que a locomotiva da Europa está superando os Estados Unidos

O DAX tem dado sinais claros de liderança: subiu cerca de 13% até fevereiro de 2025, enquanto o S&P 500 avançou apenas cerca de 1,2% no mesmo período. Vamos aos fatos e às implicações para o investidor brasileiro.

Confira a análise completa aqui.

Contexto macro e catalisadores

A expectativa de cortes de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) está no centro do otimismo. Menores taxas tendem a reduzir custos de financiamento e a melhorar margens empresariais. Isso significa que empresas industriais, construtoras e tecnologias empresariais podem ver seus custos de capital cair e cadências de investimento acelerarem.

Ao mesmo tempo, o governo alemão anunciou planos de gastos bilionários em defesa e infraestrutura. São projetos que devem gerar demanda adicional para fornecedores locais, beneficiando desde usinas de componentes até integradores de sistemas e construtoras. A conjunção de corte de juros e investimento público cria um ambiente favorável para setores cíclicos e para empresas com capacidade de execução em larga escala.

Quem deve se beneficiar?

Nossa pesquisa interna identificou uma carteira com 18 empresas alemãs que podem aproveitar esse contexto. Entre nomes emblemáticos estão SAP, Deutsche Bank e Fresenius. A SAP deve se beneficiar da modernização digital de empresas e do setor público. O Deutsche Bank, com maior atividade econômica e juros mais baixos, pode ver melhora em margens de crédito e receitas de serviços. A Fresenius, no setor de saúde, ganha com a demanda por serviços médicos e envelhecimento populacional.

Mais ainda, fabricantes industriais e fornecedores de tecnologia direcionados a infraestrutura devem ver uma aceleração nos pedidos. Isso não significa que todas as ações subirão. Significa que existe um conjunto claro de beneficiárias potenciais.

Riscos que exigem cautela

Quais são os sinais de alerta? Primeiro, a incerteza geopolítica, com impacto direto em fornecimento de energia e cadeias de valor, sobretudo em cenário ligado ao conflito Rússia–Ucrânia. Segundo, o risco de medidas protecionistas ou tarifas adicionais pelos Estados Unidos, que podem atingir exportadores alemães, especialmente no setor automotivo. Terceiro, a volatilidade cambial. Movimentos do euro frente ao dólar e ao real podem reduzir significativamente os retornos em moeda doméstica.

Isso significa que o investidor brasileiro precisa olhar além do desempenho em euros. A valorização do euro ajuda; a depreciação corrói ganhos.

Como o investidor brasileiro acessa a oportunidade?

Há alternativas: investir diretamente em ações na bolsa de Frankfurt, em ETFs europeus, ou por meio de BDRs e ETFs internacionais negociados no Brasil. Cada via tem custos distintos — corretagem, taxa de custódia, spreads de câmbio e IOF em operações — além de regras tributárias. Investidores brasileiros devem recolher o imposto de renda sobre ganho de capital e declarar os ativos no exterior no IRPF, e avaliar retenções que possam ocorrer no país emissor.

Também é preciso comparar com alternativas domésticas. BDRs e ETFs negociados no Brasil simplificam a exposição cambial e operacional, mas podem trazer spreads maiores e diferenças de liquidez.

Estratégia prática e conclusão

A oportunidade é real, mas exige seleção e disciplina. Diversificar entre setores — industrial, tecnologia, financeiro e saúde — pode reduzir risco idiossincrático. A alocação em uma cesta como a identificada (18 empresas) faz sentido para investidores que buscam exposição temática à recuperação alemã, desde que considerem volatilidade, riscos geopolíticos e custos de conversão de moeda.

Passado recente não garante desempenho futuro. Pergunte-se: seu portfólio já tem excesso de risco em mercados dos EUA? A exposição ao DAX pode melhorar diversificação. Se decidir entrar, prefira uma abordagem escalonada e mantenha reserva para ajustes.

A locomotiva europeia avança, mas o trem segue por trilhos com curvas. Seguir o movimento exige mais do que entusiasmo; exige análise, proteção cambial e disciplina fiscal.

Análise Detalhada

Mercado e Oportunidades

• O índice DAX da Alemanha subiu cerca de 13% até fevereiro de 2025, em comparação com um ganho aproximado de 1,2% do S&P 500 no mesmo período.
• O governo alemão planeja gastos de centenas de bilhões de euros em defesa e infraestrutura, gerando demanda para setores industriais, de construção e de tecnologia.
• O Banco Central Europeu (BCE) é esperado para iniciar cortes de juros com mais agressividade do que outros grandes bancos centrais, reduzindo custos de financiamento.
• Pesquisa interna (Nemo) selecionou 18 empresas alemãs para uma carteira de investimentos que podem se beneficiar deste ambiente macroeconômico.

Empresas-Chave

• SAP SE (SAP): Empresa líder global em software empresarial e soluções de gestão; tecnologia central voltada à transformação digital e gestão integrada; casos de uso incluem modernização de ERP e infraestrutura pública; modelo de receita recorrente com potencial de expansão internacional.
• Deutsche Bank AG (DB): Grande banco europeu com operações de crédito e mercados de capitais; beneficia-se de um ambiente de juros mais favorável e maior atividade econômica; exposição a empréstimos e serviços financeiros que podem melhorar margens e receitas.
• Fresenius Medical Care AG & Co. KGaA (FMS): Empresa global de tecnologia médica especializada em diálise e serviços renais; casos de uso em atendimento a pacientes com insuficiência renal e serviços de saúde; vantagem por envelhecimento populacional e investimentos públicos em saúde, gerando receitas estáveis.

Riscos Principais

• Incerteza geopolítica decorrente do conflito Rússia–Ucrânia, podendo afetar fornecimento de energia e comércio exterior da Alemanha.
• Possibilidade de imposição de tarifas ou medidas protecionistas pelos Estados Unidos, impactando exportadores alemães, especialmente o setor automotivo.
• Flutuações cambiais entre euro e dólar (e entre euro e real) que podem reduzir retornos para investidores denominados em outras moedas.

Catalisadores de Crescimento

• Cortes de juros antecipados pelo BCE que podem reduzir custos de financiamento para empresas e estimular o consumo.
• Investimentos públicos massivos em defesa e infraestrutura que devem gerar pedidos e receitas para empresas industriais, de construção e de tecnologia.
• Oportunidade de diversificação para investidores concentrados nos EUA, aproveitando valuations e dinâmicas cíclicas diferentes.