Os inovadores de garagem: Por que o P&D interno supera a compra de inovação

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Aimee Silverwood | Financial Analyst

6 min de leitura

Publicado em 25 de julho de 2025

Com apoio de IA

Resumo

  1. P&D interno e inovação interna criam moat competitivo via patentes e propriedade intelectual, atraente para investimento em tecnologia.
  2. Semicondutores (Lam Research), PTC e Roper Technologies são exemplos de empresas com alto investimento em pesquisa e desenvolvimento.
  3. Biotecnologia e CRISPR mostram potencial e riscos; inovadores de garagem ilustram riscos de P&D longo.
  4. Para investidores, como investir em empresas com forte P&D interno exige estratégias de portfólio focadas em inovação proprietária.

Por que o P&D interno importa

Empresas que investem pesadamente em pesquisa e desenvolvimento interno constroem vantagens que são difíceis de copiar. Isso significa tecnologia proprietária, patentes e segredos industriais — o que em finanças chamamos de "moat", ou fosse competitivo. Mas por que optar por desenvolver internamente, quando a compra de tecnologia parece mais rápida? Vamos aos fatos.

Crescimento via aquisições costuma prometer sinergias. Na prática, muitas dessas sinergias não se materializam. Aquisições frequentemente resultam em sobreposição de culturas, integração complexa de sistemas e custos inesperados. O resultado: valor projetado que evapora e retornos menores para o acionista. Comprar inovação resolve um problema rápido; raramente cria um diferencial sustentável.

Como o P&D cria barreiras reais

Pesquisa interna constrói "moats" por meio de patentes, segredos comerciais e know‑how. Patentear uma invenção confere exclusividade temporária no mercado; manter processos confidenciais preserva custos competitivos. Em semicondutores, por exemplo, tecnologias de fabricação de wafer — a lâmina circular de silício onde se moldam os chips — exigem equipamentos e processos exclusivos. Empresas como a Lam Research reinvestem mais de 15% da receita em P&D, gerando patentes e processos difíceis de replicar. Isso cria margens e poder de precificação que uma aquisição simples dificilmente entrega.

Na biotecnologia, o impacto é ainda mais evidente. Ferramentas como CRISPR, uma técnica de edição genética, ilustram como uma descoberta internalizada pode abrir mercados inteiros. CRISPR é a abreviação de 'Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats' — em termos práticos, uma ferramenta para editar DNA com precisão. Se uma empresa desenvolve uma aplicação terapêutica própria a partir dessa plataforma, além do potencial científico, ela ganha controle sobre ensaios clínicos, propriedade intelectual e eventual monetização via licenciamento ou parcerias.

Setores que mais se beneficiam

Semicondutores e biotecnologia lideram a lista. Também merecem atenção software industrial e PLM/CAD — ferramentas de desenho e gestão do ciclo de vida do produto com receita recorrente e alta margem. PTC, por exemplo, combina CAD e PLM para permitir que fabricantes integrem projeto, simulação e produção. Quando essas capacidades são desenvolvidas internamente, a empresa itera mais rápido, integra melhor e oferece soluções que clientes ficam relutantes em trocar.

Riscos e disciplina financeira

Investir em P&D exige paciência e tolerância ao risco. Projetos podem falhar, mesmo após aportes significativos; ensaios clínicos podem não convencer a ANVISA, patentes podem ser contestadas, e tecnologias promissoras podem não escalar comercialmente. Para investidores brasileiros, é relevante avaliar como a empresa navega normas locais — aprovação sanitária, legislação de patentes e requisitos de proteção de dados influenciam diretamente a viabilidade de produtos de saúde e tecnologia.

Além disso, manter laboratórios, talentos especializados e propriedade intelectual é custoso. Há também riscos de litígio e concorrentes que desenvolvem alternativas mais baratas.

Por que, então, alocar capital em empresas com P&D sólido?

Porque o retorno potencial é assimétrico. Empresas que dominam tecnologia internamente controlam o ciclo de desenvolvimento, iteram mais rapidamente e têm mais opções de monetização: vendas diretas, licenciamento de patentes, parcerias industriais e novos mercados adjacentes. Um produto-chave bem-sucedido pode transformar margens e gerar fluxos de caixa recorrentes que financiam pesquisas futuras — um ciclo virtuoso.

Investidores devem, claro, avaliar risco, horizonte e governança. Não é aconselhamento personalizado, mas uma orientação: para quem tem horizonte de médio a longo prazo e tolerância a volatilidade, buscar empresas com P&D robusto pode ser uma estratégia compensadora. Para ler mais sobre essa abordagem, veja Os inovadores de garagem: Por que o P&D interno supera a compra de inovação.

A questão que fica: você prefere pagar por inovação pronta ou investir em quem a constrói? A resposta, para muitos investidores, muda o perfil de risco e, potencialmente, o retorno.

Análise Detalhada

Mercado e Oportunidades

  • Semicondutores e fabricação de wafers: demanda por tecnologias proprietárias para produzir chips avançados, especialmente em ciclos de renovação tecnológica.
  • Biotecnologia: terapias avançadas e edição genética (ex.: CRISPR) com potencial de alto retorno se bem-sucedidas em testes clínicos.
  • Software industrial e PLM/CAD: soluções de engenharia e gestão do ciclo de vida do produto com receita recorrente e alto potencial de margem.
  • Licenciamento de propriedade intelectual: monetização via royalties e parcerias comerciais internacionais.
  • Mercados adjacentes e aplicações cruzadas: tecnologias desenvolvidas internamente podem ser reaplicadas em múltiplos setores, ampliando end markets.

Empresas-Chave

  • [PTC Inc. (PTC)]: Especializada em software de desenho auxiliado por computador (CAD) e gestão do ciclo de vida do produto (PLM); fornece ferramentas que permitem aos fabricantes inovar e integrar o desenvolvimento de produto, com modelos de receita recorrente e forte penetração em indústrias de manufatura.
  • [Lam Research Corporation (LRCX)]: Desenvolve tecnologias proprietárias para fabricação de wafers essenciais à produção de chips avançados; reinveste uma parcela significativa da receita (acima de 15%) em P&D, criando tecnologia difícil de replicar e patentes que sustentam vantagens competitivas.
  • [Roper Technologies Inc. (ROP)]: Cria um portfólio de produtos altamente especializados e software para mercados de nicho com altas barreiras à entrada; o desenvolvimento interno permite precificação premium, margens elevadas e controle sobre o ciclo de inovação.

Riscos Principais

  • Fracasso de projetos de P&D após investimentos significativos, especialmente em fases tardias de desenvolvimento.
  • Tecnologias promissoras podem não ser comercialmente viáveis ou escaláveis.
  • Concorrentes podem desenvolver tecnologias alternativas superiores ou mais baratas.
  • Horizonte de retorno longo — investidores impacientes podem ver desempenho insatisfatório no curto prazo.
  • Riscos regulatórios, particularmente em biotecnologia (aprovações sanitárias, exigências de ensaios clínicos, mudanças regulatórias).
  • Elevada intensidade de capital e custos contínuos de manutenção de laboratórios e talento especializado.
  • Litígios de patentes e disputas de propriedade intelectual que podem aumentar custos e incertezas.

Catalisadores de Crescimento

  • Proteção por propriedade intelectual (patentes, segredos industriais) que cria barreiras de entrada e permite margens superiores.
  • Capacidade de iteração rápida e integração de produtos quando a tecnologia é desenvolvida internamente.
  • Aplicações transversais das tecnologias que ampliam o mercado endereçável.
  • Fluxo de caixa gerado por líderes de mercado que pode ser reinvestido em pesquisas mais ambiciosas, gerando um ciclo virtuoso.
  • Sucesso em um produto-chave capaz de transformar o perfil de receita e lucratividade da empresa.
  • Possibilidade de monetização via licenciamento ou parcerias estratégicas com grandes fabricantes.

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