O grande êxodo das cadeias de suprimentos: por que o 'friend-shoring' está remodelando o comércio global

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Aimee Silverwood | Financial Analyst

6 min de leitura

Publicado em 25 de julho de 2025

Com apoio de IA

Resumo

  1. Friend-shoring acelera a realocação de cadeias de suprimentos reforçando a necessidade de uma cadeia de suprimentos resiliente.
  2. Automação industrial e logística e distribuição ganham capital via CHIPS Act e incentivos públicos.
  3. Fundos temáticos e fundo friend-shoring oferecem exposição a picks and shovels e investimento em infraestrutura.
  4. Como investir em empresas que se beneficiam do friend-shoring: diversificação, histórico de execução e contratos de longo prazo.

O grande êxodo das cadeias de suprimentos: por que o 'friend-shoring' está remodelando o comércio global

As empresas e governos redescobriram uma variável que esteve em segundo plano durante décadas: segurança. Vamos aos fatos. O modelo dominante — terceirizar para o menor custo unitário, onde a mão de obra é mais barata — mostrou fragilidades durante a pandemia e nas recentes tensões geopolíticas. Isso significa que o critério do preço vem perdendo espaço para a prioridade de manter cadeias de suprimentos resilientes e alinhadas a parceiros políticos confiáveis. A questão que surge é: como investir nessa nova arquitetura global?

A resposta passa pelo chamado friend-shoring, que consiste em realocar produção para países aliados e politicamente estáveis. Governos têm oferecido incentivos — pense no CHIPS Act dos EUA, que subsidia semicondutores para trazer fábricas de volta ao território norte-americano — e corporações ajustam estratégias para reduzir riscos sistêmicos. Para investidores brasileiros, é útil entender que políticas como o CHIPS Act funcionam como catalisadores de capital; programas semelhantes, ainda que em escala menor, podem aparecer em outras regiões e até em iniciativas regionais no Brasil.

Isso cria um mercado endereçável amplo. Por quê? Porque mover produção não é só transferir máquinas. Exige fábrica nova ou modernizada, sistemas de automação para conter custos trabalhistas, software de controle, e redes logísticas distribuídas para conectar plantas a mercados consumidores. Aqui entram os chamados fornecedores de "picks and shovels": empresas que vendem automação, robótica, IA e serviços logísticos. Exemplos claros são Symbotic (SYM), que automatiza armazéns com IA; Rockwell Automation (ROK), referência em controle industrial e transformação digital; e GXO Logistics (GXO), especialista em terceirização de operações de distribuição.

A oportunidade é temática e de longo prazo. Investir em fundos ou carteiras que exponham ativos desses setores captura o ciclo de alocação de capital que deve durar anos. A migração para friend-shoring favorece construtoras de plantas, fornecedores de sistemas e operadores logísticos que ampliam capacidade. Para o investidor, fundos temáticos — como o hipotético "Friend-Shoring Fund" — podem reunir esses nomes de forma diversificada.

Mas nem tudo é linha reta. Os desafios são reais e significativos. Primeiro, o custo inicial é alto. Construir ou modernizar fábricas e redes logísticas pode demandar centenas de milhões de dólares; convertido de forma ilustrativa, R$ 1 bi podem ser apenas o começo para projetos industriais de escala. Segundo, há risco de execução: prazos, adaptação tecnológica e integração de processos são pontos críticos e propensos a falhas. Terceiro, o cenário geopolítico pode mudar. A reaproximação entre nações ou um abrandamento de tensões reduziria a urgência, ao passo que um conflito agudo poderia interromper fluxos e danificar infraestrutura.

Riscos macroeconômicos também contam. Juros mais altos e recessão podem adiar investimentos de CAPEX pesado. Portanto, a iniciativa exige horizonte longo e tolerância a volatilidade. Não é uma aposta para retorno rápido.

Como navegar? Considere exposição temática diversificada, preferência por empresas com histórico de execução e contratos de longo prazo, e atenção a catalisadores como programas públicos que mitiguem risco. Para investidores no Brasil, plataformas locais e corretoras oferecem acesso a ADRs e ETFs que incluem empresas de automação e logística. E lembre: isto não é recomendação personalizada. Avalie seu perfil e horizonte.

O friend-shoring não é apenas uma moda. É uma reconfiguração estrutural do comércio global, com vencedores previsíveis: quem fabrica a tecnologia, quem monta a infraestrutura e quem opera a logística. A pergunta que fica é simples e implacável: você está posicionado para surfar essa mudança que deve levar anos?

Análise Detalhada

Mercado e Oportunidades

  • Tendência multidecenal de realocação de cadeias de suprimentos para países aliados e estáveis, implicando um ciclo de alocação de capital que deve perdurar por vários anos.
  • Mudança estratégica em que empresas priorizam segurança da cadeia sobre o menor custo unitário, aumentando a demanda por soluções que reduzam o trade-off entre custo e risco.
  • Necessidade de novas redes logísticas distribuídas para conectar fábricas realocadas, gerando maior demanda por armazéns, transporte intermodal e serviços de logística terceirizada.
  • Oportunidade para fornecedores de automação, robótica e software (incluindo IA) que tornam a produção doméstica competitiva em países com salários mais altos.
  • Mercado endereçável abrange construção de fábricas, modernização de instalações existentes, instalação de sistemas de automação e expansão de capacidade logística.

Empresas-Chave

  • Symbotic Inc (SYM): Fornecedor de sistemas de automação de armazéns com uso de IA para gerenciamento de estoques e operações logísticas complexas; casos de uso incluem otimização de centros de distribuição e aumento da resiliência das redes de distribuição; modelo de receita baseado na venda/implementação de sistemas e serviços associados.
  • Rockwell Automation Inc. (ROK): Empresa de automação industrial e soluções de transformação digital que oferece controle industrial, software e integração de sistemas; casos de uso incluem aumento de eficiência e competitividade de fabricantes em ambientes de maior custo laboral; receita proveniente de hardware, software e serviços de integração.
  • GXO Logistics, Inc. (GXO): Especialista em serviços de armazenagem e distribuição complexa, terceirizando operações logísticas para empresas em processo de reestruturação de cadeias de suprimentos; casos de uso incluem gestão de centros de distribuição flexíveis e escaláveis; modelo de receita baseado em contratos de prestação de serviços logísticos.

Riscos Principais

  • Alto investimento inicial: construção e modernização de fábricas e redes logísticas exigem CAPEX significativo com retorno de longo prazo.
  • Risco de execução: realocar cadeias de suprimentos é complexo e sujeito a atrasos, falhas operacionais e incompatibilidades tecnológicas.
  • Risco geopolítico: variações nas tensões internacionais ou reaproximações políticas podem reduzir a urgência da realocação; conflitos intensificados podem danificar infraestrutura e rotas comerciais.
  • Risco econômico: condições macroeconômicas adversas (recessão, aumento de juros) podem adiar projetos e reduzir demanda por soluções de maior custo.

Catalisadores de Crescimento

  • Políticas públicas e incentivos: programas como o CHIPS Act nos EUA e subsídios similares em outros países que estimulam realocação e investimentos em capacidade produtiva.
  • Avanços tecnológicos: melhorias em robótica, automação e IA que reduzem custos operacionais e aumentam a competitividade da produção em países de maior renda.
  • Aumento da demanda por serviços logísticos: crescimento na necessidade de armazéns, transporte rodoviário/ferroviário e soluções de última milha para suportar redes distribuídas.
  • Contratos corporativos de longo prazo e parcerias público-privadas que validam investimentos e reduzem risco para fornecedores de infraestrutura e tecnologia.

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Perguntas frequentes

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