por que as mulheres CEOs estão superando o 'Clube do Bolinha' de Wall Street?
A presença feminina no comando de grandes empresas americanas deixou de ser apenas simbólica. É sinal de performance. Vamos aos fatos: estudos mostram que empresas fundadas por mulheres geram, em média, o dobro da receita de empresas fundadas por homens. Além disso, quando a representatividade feminina cresce nos conselhos, a lucratividade pode subir até 15%. Isso não é anedota; é economia aplicada à gestão.
Por que isso importa para o investidor brasileiro? Investir em um universo selecionado de grandes empresas norte-americanas comandadas por mulheres oferece exposição a eficiência operacional, foco em crescimento sustentável e vantagens em critérios ESG — um tripé que pode aumentar resiliência e retorno no longo prazo. Setores como tecnologia, saúde e serviços financeiros mostram que há oportunidades para diversificar dentro desse tema.
Considere exemplos concretos. A Advanced Micro Devices (AMD) era uma coadjuvante até Lisa Su assumir a liderança em 2014. Desde então, a companhia passou por uma transformação que elevou sua capitalização de mercado de menos de US$2 bilhões para picos acima de US$200 bilhões. Outra referência é Accenture, que exemplifica execução em serviços de alto valor agregado sob liderança feminina. No setor biofarmacêutico, empresas como a Vertex demonstram como gestão focada em P&D pode traduzir-se em valor significativo quando pipelines avançam.
Isso significa que a tese de investimento tem base: companhias no quartil superior de diversidade de gênero têm 25% mais probabilidade de apresentar lucratividade acima da média, segundo a McKinsey. Lideranças femininas tendem a priorizar crescimento sustentável e eficiência operacional. Para o investidor com horizonte de médio a longo prazo, essas são qualidades desejáveis.
A questão que surge é: quais são os riscos? Primeiro, há a chamada glass cliff, quando mulheres assumem postos em momentos de crise, o que pode distorcer avaliações de performance. Segundo, a seleção fica concentrada; há poucas grandes empresas com CEOs mulheres, o que aumenta a exposição a eventos idiossincráticos. Terceiro, líderes femininas podem enfrentar maior escrutínio público, elevando riscos reputacionais. Por fim, fatores macroeconômicos, como variação de taxas de juros e políticas nos EUA, afetam o desempenho de forma independente da qualidade da gestão.
Como mitigar esses riscos? Uma abordagem curada, ou carteira temática, reduz mas não elimina riscos de mercado e de seleção. Diversificar entre tecnologia, saúde, serviços financeiros e biotecnologia, e combinar ações diretas com veículos locais, como fundos temáticos e ETFs, ajuda a balancear a carteira. Para investidores brasileiros, há caminhos práticos: abrir conta em corretora com acesso ao exterior, comprar BDRs listados na B3 ou investir em ETFs americanos por meio de plataformas internacionais. Lembre-se de considerar custos e tributos: IOF e imposto de renda sobre ganhos de capital, além de regras da CVM e da B3.
Qual é a chamada para ação? Estudar a tese é o primeiro passo. Pergunte a si mesmo: minha alocação internacional está adequada? Posso suportar a volatilidade de setores de tecnologia e biotecnologia? Abrir conta em uma corretora internacional ou buscar ETFs que replicam exposição a líderes femininas pode ser um ponto de partida.
Investir em empresas lideradas por mulheres é uma aposta em governança e eficiência que vem mostrando resultados. Não é garantia de retorno. É, porém, uma estratégia com fundamentos, dados e catalisadores claros: maior valorização por parte de consumidores e empregados jovens, adoção de critérios ESG por investidores institucionais e um pipeline crescente de profissionais qualificadas em STEM e negócios. Para o investidor brasileiro interessado em diversificação internacional e em carteiras temáticas, a tese merece atenção e diligência.