Por que infraestrutura regulamentada importa
Há um movimento claro no mercado: instituições que gerem ativos estão buscando exposição a criptoativos, mas não querem improviso. Elas exigem caminhos regulados e seguros — exchanges licenciadas, serviços de custódia institucional e on‑ramps que integrem contas bancárias e corretoras ao universo digital. Isso significa que, mais do que tokens, empresas que constroem essa infraestrutura podem ser a forma mais defensável de ganhar exposição ao crescimento cripto.
Vamos aos fatos. Ativos sob gestão globais somam mais de US$100 trilhões. Mesmo uma pequena fração desse montante alocada a criptoativos representa volumes relevantes para provedores de infraestrutura. Plataformas como Coinbase (COIN), Robinhood (HOOD) e SoFi (SOFI) exemplificam modelos "picks and shovels": elas vendem ferramentas — troca, custódia, compliance — e cobram taxas independentemente da alta ou baixa dos preços dos tokens.
A estratégia picks and shovels
Por que essa estratégia faz sentido? Primeiro, porque captura receita por serviços: taxas de negociação, custody fees, produtos de lending e soluções de compliance para clientes institucionais. Segundo, porque a atividade de mercado tende a gerar fluxo mesmo em períodos de volatilidade: on‑ramps que convertem reais em cripto e corretoras que agregam clientes aumentam volumes e receita. Em outras palavras, essas empresas se beneficiam da profundidade do mercado mais do que da direção de preços.
Vantagem competitiva: tecnologia e regulação
Combinar capacidade técnica com domínio regulatório cria um fosso de entrada. Quem consegue integrar sistemas bancários legacy com soluções DeFi (financeiramente descentralizadas) e, ao mesmo tempo, satisfazer auditorias e requisitos da CVM e do Banco Central do Brasil, obtém vantagem significativa. A questão que surge é: qual empresa tem tecnologia proprietária, parcerias bancárias e time de compliance forte? Essa tríade costuma separar vencedores de meros participantes.
Riscos e limites da tese
Não há investimento sem risco. Incerteza regulatória em grandes jurisdições pode alterar modelos de negócio. Competição intensa, inclusive de incumbentes financeiros e big techs, pode comprimir margens. Integração tecnológica é complexa e cara; falhas de segurança ou lapsos de compliance podem resultar em multas e perda de confiança. E, mesmo sendo menos voláteis que tokens, receitas de infraestrutura dependem de volumes, que caiem em marés baixas do mercado.
Catalisadores para aceleração
O cenário que favorece essas empresas existe: adoção institucional acelerada; maior clareza regulatória; desenvolvimento de CBDCs; mudança geracional nas preferências de investimento; e alocações de tesouraria corporativa que incluem cripto. A implementação de CBDCs, por exemplo, pode demandar camadas adicionais de integração entre bancos e ecossistemas DeFi, abrindo novas fontes de receita para provedores de infraestrutura.
O que isso significa para investidores brasileiros?
Para bancos e corretoras brasileiras, a oportunidade é dupla: prover on‑ramps em reais (R$) e oferecer custódia conforme exige a legislação local. Investidores de varejo e gestores de patrimônio podem considerar exposição via ações dessas plataformas como forma de participar do crescimento do mercado cripto, com risco distinto daquele de possuir tokens diretamente.
Leitura adicional e próximos passos
Acompanhe comunicados da CVM e decisões do Banco Central para entender como regras locais evoluem. Consulte relatórios de empresas como COIN, HOOD e SOFI para avaliar receita por segmentos e riscos de compliance.
Aviso importante: este texto não oferece recomendação personalizada. Investir envolve riscos e resultados passados não garantem retorno futuro. Considere consultar um assessor qualificado antes de agir.
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