Por que investir nos campeões setoriais faz sentido
A estratégia Best In Class concentra capital nas empresas que exercem a maior influência em cada setor da economia. Em vez de correr atrás de temas especulativos ou de startups que prometem revoluções, o investidor escolhe o campeão de cada segmento — aqueles com vantagens competitivas duradouras, conhecidos como moats. Vamos aos fatos e às implicações práticas para quem investe a partir do Brasil.
Por que isso funciona? Porque escala, reconhecimento de marca e custos de mudança criam barreiras naturais à concorrência. Pense em um grande banco nacional que detém a maior base de clientes, em um varejista com malha logística e preço subsidiado, ou em plataformas de software corporativo cujos clientes enfrentam alto custo para migrar. Essas características mantêm margens superiores e protegem receitas ao longo do tempo.
A tecnologia, sobretudo a IA, é um multiplicador. Gigantes como Microsoft (MSFT) usam soluções de nuvem e ferramentas como Copilot para aumentar a dependência do cliente e acelerar a inovação. Varejistas como o Wal-Mart (WMT) aplicam IA em previsão de demanda e logística. No setor de saúde, empresas como Johnson & Johnson (JNJ) incorporam aprendizado de máquina em P&D. Essa integração amplia o moat, tornando a liderança mais resistente.
A proposta do portfólio Best In Class — uma cesta com o campeão de cada um dos 17 setores — oferece diversificação implícita. Você combina setores defensivos, como utilities e bens essenciais, com segmentos cíclicos e tecnológicos. Isso reduz o risco de ficar sobreexposto a um único tema e permite que vantagens consolidadas se comprem ao longo do tempo, num efeito de compounding que fala alto em horizontes longos.
Há ainda um efeito de mercado que favorece as líderes: fluxos para índices e ETFs tendem a concentrar recursos nas maiores capitalizações, alimentando uma retroalimentação que pode sustentar valorização adicional. Para investidores brasileiros, isso pode ser acessado via corretoras que oferecem frações de ações, BDRs ou ETFs negociados na B3, ou diretamente por plataformas internacionais. Atenção à cobertura cambial e às implicações fiscais — ganhos de capital e rendimentos no exterior exigem observância das regras da Receita Federal e eventuais retenções na fonte.
Quais os riscos? O principal é regulatório. Scrutínio antitruste pode forçar desinvestimentos ou mudanças no modelo de negócio. Há também o risco de complacência: empresas grandes podem ser lentas para inovar, abrindo espaço para disruptores. E, claro, ciclos macroeconômicos podem reduzir receitas e margens, mesmo nas líderes.
Como balancear isso na prática? A análise deve focar qualidade do moat, disciplina na avaliação e controle de custos (incluindo tributação e spreads cambiais). Diversificação geográfica e atenção à exposição cambial também ajudam a mitigar riscos. E nunca ignore o custo de entrar em posições em bolsas estrangeiras e o tratamento fiscal aplicável a BDRs e ETFs.
A questão que surge é esta: em um mundo de incertezas, você prefere apostar na empresa que já domina seu segmento ou tentar descobrir o próximo unicórnio? A estratégia Best In Class responde com pragmatismo. Ela não promete retornos garantidos. Reconhece riscos. Mas oferece um caminho alinhado ao investidor conservador ou moderado que busca resiliência, exposição às forças econômicas centrais e menos ruído especulativo.
Para saber mais sobre a tese e como ela se aplica a carteiras multilaterais, veja o texto de referência: Os verdadeiros campeões do mercado: Por que os líderes do setor ainda dominam.
Aviso: este artigo é informativo e não constitui recomendação personalizada. Investir envolve riscos; decisões futuras dependem de condições econômicas e regulatórias.