Ações de semicondutores: a expansão da produção de chips nos EUA vai compensar?

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Aimee Silverwood | Financial Analyst

Publicado em 17 de outubro de 2025

Resumo

  1. Micron em Nova York valida produção de chips nos EUA e impulsiona interesse em investir em semicondutores.
  2. CHIPS Act amplia incentivos e melhora a viabilidade econômica da produção de chips nos EUA.
  3. Fornecedores de equipamentos semicondutores tendem a ganhar demanda; melhores ações de fornecedores de equipamentos para semicondutores atraem investidores.
  4. Investidores podem acessar ETFs; como investir em ações de semicondutores nos EUA exige horizonte e gestão de riscos.

A aprovação em Nova York e o significado estratégico

A autorização de infraestrutura elétrica para a planta de US$100 bilhões da Micron em Nova York é mais do que um marco local. É um sinal concreto de que o plano dos Estados Unidos para reconstruir capacidade doméstica de produção de semicondutores avança do papel para a obra. Isso significa que grandes projetos privados, combinados com apoio público, podem finalmente sair do papel.

Vamos aos fatos: o projeto da Micron recebeu o aval necessário para conectar uma fábrica que custará na ordem de US$100 bilhões — cerca de R$520 bilhões assumindo um câmbio de R$5,20 por dólar, apenas como referência. A construção exigirá energia, água, engenharia pesada e uma cadeia de fornecedores extensa. A questão que surge é: quem ganha com essa reindustrialização?

Onde estão as oportunidades

O primeiro grupo beneficiado são os fornecedores de equipamentos de produção. Fabricantes como ASML, que domina litografia, Lam Research e Applied Materials, fornecedores de ferramentas de deposição e gravação, tendem a ver demanda sustentada quando novas fabs entram em operação. Equipamentos de alta tecnologia custam centenas de milhões de dólares e têm prazo de entrega longo, gerando receitas plurianuais.

Além das máquinas, há espaço para produtores de materiais e químicos especializados, empresas de engenharia civil, utilities e serviços de logística que viabilizam operações just-in-time. A cadeia se estende de fornecedores diretos a prestadores de serviços que garantem energia e água estáveis — recursos críticos para fábricas de alta pureza.

Investidores de varejo também podem participar. Plataformas que oferecem exposição temática, ETFs setoriais ou frações de ações a partir de US$1 tornam o tema mais acessível sem a necessidade de comprar uma ação inteira da ASML ou da TSMC.

Barreiras e dinâmica competitiva

Projetos de semicondutores são extremamente intensivos em capital. Isso gera barreiras de entrada elevadas e tende a favorecer empresas já consolidadas. Ao mesmo tempo, a competição internacional é intensa. Fabricantes asiáticos, com décadas de escala e cadeias integradas, não vão abrir mão de vantagem competitiva facilmente.

A reindustrialização também traz custos recorrentes. Manter fabs modernas exige atualização de equipamentos e mão de obra qualificada. Quem constrói hoje pode precisar reinvestir fortemente em poucos anos para não ficar atrás tecnologicamente.

O papel do CHIPS and Science Act

O CHIPS and Science Act disponibilizou até US$52 bilhões em incentivos, reduzindo parte do risco financeiro e acelerando decisões de investimento. Esses subsídios não eliminam risco, mas mudam o cálculo econômico, tornando viáveis projetos que, sem apoio, poderiam ser postergados ou levados a outros países.

Riscos que não podem ser ignorados

A indústria de semicondutores é cíclica. A demanda por chips acompanha ciclos econômicos, estoques e ondas de inovação tecnológica. Existe ainda o risco de obsolescência: processos avançam rápido e uma planta de ponta hoje pode perder competitividade em uma década.

Há também riscos políticos e regulatórios. Mudanças na política de subsídios, tensões geopolíticas e restrições à transferência de tecnologia podem afetar custos e prazos. E não menos importante: a escassez de mão de obra especializada e a necessidade de utilities confiáveis são riscos operacionais reais.

E para o investidor brasileiro?

A pergunta óbvia é: vale a pena buscar exposição ao tema? A resposta depende do perfil e do horizonte. Para quem busca potencial de longo prazo e está disposto a aceitar volatilidade, fornecedores de equipamentos e ETFs temáticos oferecem uma forma prática de participar da reconstrução da cadeia. Para o investidor conservador, os riscos cíclicos e de execução são motivos para cautela.

Ninguém garante retornos. Este tema oferece oportunidade e risco em medidas iguais. Se a intenção é exposição direta, considere diversificar por meio de ETFs ou compra fracionada, e avalie custos, regulação das plataformas e implicações tributárias no Brasil.

Para uma visão condensada e acessível ao tema, veja o artigo completo: Ações de semicondutores: a expansão da produção de chips nos EUA vai compensar?.

Nota: este texto tem caráter informativo e não constitui recomendação personalizada. Avalie riscos e consulte um assessor antes de tomar decisões de investimento.

Análise Detalhada

Mercado e Oportunidades

  • Fornecedores de equipamentos de fabricação de semicondutores (litografia, deposição, gravação) tendem a ver demanda sustentada conforme novas fábricas (fabs) são construídas.
  • Produtores de matérias-primas e químicos especializados usados nos processos fabris podem capturar margens recorrentes e contratos de fornecimento de longo prazo.
  • Empresas de engenharia, utilities e infraestrutura (energia e água) têm oportunidade de crescimento fornecendo obras civis e suporte para plantas de alto consumo energético.
  • Serviços de logística e gestão da cadeia de suprimentos que viabilizem fornecimento just-in-time e resiliência têm potencial de expansão.
  • Modelos de investimento fracionado, ETFs e temas setoriais permitem que investidores de varejo acessem o tema sem precisar comprar ações inteiras de empresas com preço elevado.

Empresas-Chave

  • Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSM): Maior fundição de semicondutores do mundo, líder tecnológico em processos avançados (nanos); uso: terceirização de produção para empresas fabless e integração na cadeia global; financeiros: grande escala, receitas robustas, elevado capex e forte geração de caixa.
  • ASML Holding (ASML): Fabricante holandesa de máquinas de litografia EUV essenciais para chips avançados; uso: equipamento crítico para produção em nós avançados; financeiros: vendas de alto valor por unidade, longos prazos de entrega e receita concentrada em equipamentos caros.
  • Lam Research (LRCX): Fornecedor de equipamentos para deposição e gravação; uso: ferramentas essenciais em várias etapas da fabricação em fabs; financeiros: receitas sensíveis ao ciclo de construção de fábricas e à demanda por atualização de ferramentas.
  • Micron Technology (MU): Produtora americana de memória (DRAM/NAND) com expansão de capacidade nos EUA; uso: fornecimento para data centers, dispositivos móveis e aplicações industriais; financeiros: investimentos de grande porte apoiados por incentivos e exposição a ciclos de preços de memória.
  • Intel (INTC): Grande fabricante americano com iniciativas de expansão fabril doméstica; uso: design integrado e manufatura própria, além de contratos de foundry; financeiros: beneficiária de subsídios, alto capex e diversificação entre produtos e serviços.
  • Applied Materials (AMAT): Fornecedor líder de equipamentos e serviços para semicondutores e displays; uso: soluções para várias etapas do processo fabril e manutenção de linhas de produção; financeiros: receita diversificada entre equipamentos e serviços, sensível a ciclos de investimento em capacidade.

Riscos Principais

  • Ciclicidade do setor: a demanda por chips varia conforme a economia, ciclos de inventário e ondas de atualização tecnológica.
  • Concorrência internacional: fabricantes asiáticos dispõem de vantagem histórica em escala e integração da cadeia de suprimentos.
  • Intensidade de capital e prazo de retorno: fábricas avançadas exigem investimentos de bilhões e podem levar anos para gerar retorno completo.
  • Obsolescência tecnológica: processos e ferramentas evoluem rapidamente; instalações modernas podem tornar-se menos competitivas em uma década.
  • Risco regulatório e político: alterações em políticas públicas, subsídios e tensões geopolíticas podem afetar viabilidade e custo de projetos.
  • Risco operacional: disponibilidade de mão de obra qualificada e estabilidade de utilities (energia, água) são críticas para operação contínua.

Catalisadores de Crescimento

  • Incentivos governamentais significativos (por exemplo, CHIPS and Science Act) reduzem riscos financeiros e estimulam investimento privado em capacidade fabril.
  • Reconfiguração de cadeias globais após crises, reforçando a necessidade de diversificação e resiliência no fornecimento.
  • Crescente demanda por semicondutores em segmentos como automotivo, data centers, inteligência artificial e eletrônica de consumo.
  • Prioridade estratégica por segurança de fornecimento, levando empresas e governos a favorecerem produção doméstica e regional.
  • Avanços em tecnologia de fabricação que exigem atualização e substituição de equipamentos, sustentando receitas recorrentes dos fornecedores.

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Perguntas frequentes

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