Tarifas sobre a China: as ações da indústria dos EUA podem se beneficiar?

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Aimee Silverwood | Financial Analyst

Publicado em 26 de outubro de 2025

Resumo

  • Investigação Phase One pode gerar tarifas sobre a China e alterar como as tarifas à China afetam ações americanas.
  • Ações de manufatura dos EUA favorecidas: ações aço EUA, semicondutores Intel e First Solar energia solar.
  • Oportunidades de investimento com reshoring na indústria dos EUA reforçam motivo para investir em indústria americana.
  • Riscos: retaliação chinesa; prefira empresas que se beneficiam de tarifas contra importações chinesas e diversificação.

Tarifas sobre a China: as ações da indústria dos EUA podem se beneficiar?

Uma investigação com potencial efeito prático

A investigação aberta pelo governo Trump sobre o cumprimento do acordo "Phase One" com a China reacende um velho dilema para investidores: medidas comerciais punitivas podem criar vencedores setoriais, mas também ampliam riscos geopolíticos e custos. Vamos aos fatos: o chamado Phase One foi o acordo assinado entre Washington e Pequim em 2020, que previa, entre outros pontos, compras adicionais de produtos agrícolas e maior proteção à propriedade intelectual. A investigação avalia se a China honrou esses compromissos; uma conclusão de violação pode resultar em novas tarifas sobre produtos chineses.

Isso significa que importações ficariam mais caras, alterando preços relativos e dando vantagem competitiva a fabricantes norte-americanos capazes de atender a demanda internamente. Mas quem realmente pode aproveitar essa janela?

Setores com maior probabilidade de ganho

No curto prazo, aço, semicondutores e energia renovável surgem como candidatos naturais. O setor de aço tende a responder rapidamente a aumento de preços de importação. Empresas como a Nucor (NUE) operam modelos de mini-mill, que reciclam sucata e oferecem custos flexíveis e menor intensidade de capital que usinas integradas. Com projetos de infraestrutura e movimentos de reshoring, a demanda doméstica por aço pode pressionar para cima a participação de produtores locais.

Nos semicondutores, a dinâmica é parecida, mas com nuances técnicas e políticas. A Intel (INTC), maior produtora americana com capacidade de P&D e fábricas, pode se beneficiar se tarifas elevarem o custo de chips importados da China. Além disso, programas públicos que incentivem produção nacional de semicondutores reforçam a tese. A pergunta é: a cadeia global de componentes permitirá ganho de margem sustentável ou apenas um alívio temporário?

Na energia renovável, fabricantes americanos como a First Solar (FSLR) usam tecnologia thin-film — filmes finos que diferem da produção solar em silício cristalino típica chinesa — e têm plantas nos EUA, por exemplo no Arizona. Se painéis chineses se tornarem mais caros por tarifas, a First Solar tende a melhorar margens e participação, sobretudo em projetos que exigem conteúdo local.

Tendência além das tarifas: o renascimento manufatureiro

Uma questão relevante é se estamos diante de um choque temporário ou de uma tendência estrutural. A combinação de incentivos industriais, reshoring e diversificação de fornecedores após a pandemia pode fomentar um verdadeiro "manufacturing renaissance". Isso sustentaria ganhos para empresas com capacidade doméstica e cadeias de suprimento menos dependentes da China — não apenas enquanto durarem medidas tarifárias.

Riscos que não podem ser subestimados

Investidores devem considerar cenários adversos. A China pode retaliar com tarifas próprias ou barreiras não tarifárias que atinjam empresas americanas expostas ao mercado chinês. Tarifas ampliadas também elevam o custo de insumos importados, pressionando margens de fabricantes que dependem de componentes estrangeiros. Além disso, o timing e o alcance das medidas políticas são imprevisíveis: anúncios nem sempre se concretizam, e vantagens competitivas podem se dissipar rapidamente.

Como posicionar a carteira

Isso significa comprar ações setoriais indiscriminadamente? Não. Tratam-se de oportunidades temáticas que fazem mais sentido dentro de carteiras diversificadas e com avaliação clara da exposição operacional à China. Avalie empresas com produção doméstica comprovada, modelos de custo resilientes (como mini-mill no aço ou tecnologia diferenciada no solar) e exposição financeira compatível com o seu perfil.

Para o investidor brasileiro, lembre que oscilações do dólar e acesso a ativos estrangeiros (via corretoras internacionais ou BDRs/ADRs) influenciam o retorno. E sempre: passado não garante futuro. Esta análise não é recomendação personalizada. Riscos existem e exigem gestão ativa e diversificação prudente.

Análise Detalhada

Mercado e Oportunidades

  • Tarifas que aumentam o custo relativo das importações chinesas, abrindo espaço para produtores domésticos capturarem participação de mercado.
  • Aumento projetado na demanda por aço devido a investimentos em infraestrutura nos EUA e iniciativas de reshoring industrial.
  • Necessidade crescente de semicondutores fabricados internamente por razões de segurança de fornecimento e políticas industriais.
  • Setor solar: fabricantes com produção local podem competir melhor se tarifas reduzirem a concorrência de painéis chineses de baixo custo.
  • Empresas industriais, fornecedores automotivos e fabricantes de materiais especiais com cadeias menos dependentes da China podem expandir capacidade.

Empresas-Chave

  • [Intel Corporation (INTC)]: Líder em fabricação de semicondutores nos EUA; tecnologia de fabricação e P&D avançados; atende data centers, PCs e aplicações industriais; grande investidor em fábricas domésticas e P&D, com perfil financeiro voltado a CAPEX e expansão produtiva.
  • [Nucor Corporation (NUE)]: Um dos maiores produtores de aço dos EUA com modelo verticalizado e tecnologia de mini-mill baseada em sucata; fornece para construção, infraestrutura e indústria automotiva; estrutura de custos competitiva que pode melhorar com aumento da demanda doméstica e tarifas sobre aço importado.
  • [First Solar, Inc. (FSLR)]: Fabricante americana de painéis solares com tecnologia thin-film (CdTe) e capacidade de produção nos EUA (Arizona); foco em projetos utility-scale e mercados com preferência por produção local; posição que pode beneficiar margens e participação de mercado se painéis chineses enfrentarem tarifas.

Riscos Principais

  • Retaliação da China via tarifas ou barreiras não tarifárias que afetem empresas americanas com exposição ao mercado chinês.
  • Aumento no custo de insumos importados (materiais e componentes) devido a tarifas ampliadas, pressionando margens de alguns fabricantes.
  • Complexidade das cadeias globais de suprimentos: poucos produtores são totalmente isolados de insumos estrangeiros, o que limita ganhos imediatos de reshoring.
  • Imprevisibilidade do timing e da extensão das medidas políticas; anúncios podem não se traduzir em vantagem competitiva sustentada.
  • Risco de concentração para investidores que apostam exclusivamente em um tema geopolítico sem diversificação adequada.

Catalisadores de Crescimento

  • Implementação de novas tarifas contra produtos chineses considerados em violação de acordos comerciais, elevando custos de importação.
  • Pacotes de estímulo e investimentos em infraestrutura nos EUA que aumentem a demanda por aço e materiais locais.
  • Políticas de incentivo à produção nacional de semicondutores, incluindo subsídios e apoio ao reshoring.
  • Medidas de proteção de propriedade intelectual e maior fiscalização do comércio que favoreçam empresas domésticas inovadoras.
  • Tendência contínua de diversificação de cadeias de suprimentos após a pandemia e tensões geopolíticas, incentivando produção localizada.

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Perguntas frequentes

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